Mugunzá é uma receita típica, encontrada em quase todas as regiões brasileiras, sendo muito apreciada no inverno e nas festas juninas, que arrastam multidões.
A versatilidade da receita do mugunzá consiste na mistura de culturas do povo brasileiro, que teve influência de vários povos, principalmente portugueses, africanos e italianos.

Mugunzá (foto: Evandro Marques – www.coisasdaroca.com)
Origem do nome
A palavra mungunzá é de origem africana, mais especificamente do quimbundo mu’kunza, que significa milho cozido. A canjica possui outra raiz etimológica, que é originada da palavra kandjica, também da língua quimbundo.
A receita típica é nominada de variadas formas, pois no nordeste é mungunzá. Em São Paulo, canjica. Em Minas Gerais pode ser chamada de piruruca ou ainda canjica grossa. No Rio de Janeiro é conhecida como canjiquinha. Na região centro-oeste pode ser encontrada como chá-de-burro.
Ingrediente
A versatilidade da receita não está presente apenas no nome, mas também na escolha do milho, podendo ser preparado com o tipo branco ou amarelo, nas opções salgada ou doce. Há a inserção de ingredientes na versão doce, tais como leite de coco e leite condensado.
Opção salgada
Nos pratos nordestinos, o alimento passeia entre doce e salgado. Em alguns cantos, um preparo de milho amarelo, com carne de gado ou carneiro, com ossos para dar um gosto mais forte e sustentar as longas horas da roça, principalmente pelos escravos que cortavam cana-de-açúcar.

Pés de Milho (foto foto: Evandro Marques – www.coisasdaroca.com)
Opção doce
Quando preparada na versão doce, é utilizada o milho branco, leite de coco ou de vaca, açúcar e amendoim. Para muitos, principalmente os quais têm influências das religiões de matriz africana, é um presente aos orixás. Comumente nas primeiras sextas-feiras do mês, é dia de preparar o mungunzá doce, em homenagem a Oxalá. Costume que tem importante ligação e compartilhamento do alimento, pois todos do terreiro dividem o axé e celebram entre si essa iguaria.
Em algumas regiões, no dia da Sexta-feira Santa, ela é usada para acompanhar o peixe, na tradição católica de celebração da Páscoa, que abre-alas para a canjica.
Seja qual for a receita, o alimento é apreciado, por várias gerações, cuja forma de preparo é adaptada ao gosto e facilidade para encontrar os ingredientes, que comporão a criação culinária.
Como pode haver tanto diversidade e choque de cultura em uma único prato?