O setor de trigo do Brasil enfrenta desafios significativos conforme um novo estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.

A pesquisa evidencia que os moinhos estão experimentando uma demanda enfraquecida por trigo, pois a venda de seus produtos derivados também sofre retração. A expectativa é que muitos profissionais do mercado aguardem o influxo de uma quantidade considerável da nova safra antes de comprometer-se com a aquisição de lotes adicionais.

Preço do trigo é o mais baixo desde 2019

Os últimos dados apresentados pelo Cepea retratam um cenário de preços em declínio. Ao se focar no Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores de trigo, a média de preços em setembro situou-se em R$ 1,15 mil por tonelada. Isso representa uma queda de 10,3% em relação a agosto e uma redução substancial de 34,1% quando comparada a setembro de 2022. Além disso, este é o menor valor médio mensal registrado desde dezembro de 2019, considerando a correção pela inflação (valores ajustados pelo IGP-DI).

A produção agrícola revela mais nuances. No Rio Grande do Sul, onde a maior parcela do trigo brasileiro foi colhida em 2022, a colheita deste ano já começou. Por outro lado, no Paraná – o segundo maior produtor de trigo do Brasil – as expectativas de colheita foram recalibradas para baixo. A razão para essa revisão é a prevalência elevada de doenças em plantações, uma consequência direta das temperaturas mais altas experimentadas durante o inverno.

Este novo estudo da Esalq/USP destaca a necessidade urgente de estratégias adaptativas no setor de trigo. À medida que o mercado se ajusta às dinâmicas cambiantes da oferta e da demanda, produtores, comerciantes e moinhos terão de buscar soluções inovadoras para manter a viabilidade econômica e a sustentabilidade da cadeia produtiva.