A lagarta da soja é uma das principais pragas que ameaçam a produtividade das lavouras brasileiras. Devido ao seu potencial destrutivo, o controle eficiente dessa praga é fundamental para garantir o sucesso da safra. A ação das lagartas pode causar desfolha severa, comprometendo o enchimento de grãos e provocando prejuízos econômicos significativos.

Diferentes espécies de lagartas podem atacar a cultura da soja, sendo as mais comuns a Anticarsia gemmatalis (lagarta-da-soja), Chrysodeixis includens (falsa-medideira) e Helicoverpa armigera. Cada uma apresenta características distintas, mas todas demandam atenção redobrada durante o ciclo da cultura.

O que é a lagarta da soja

O termo “lagarta da soja” refere-se a diversas espécies de lepidópteros cujas larvas se alimentam das folhas, flores, vagens e até grãos da planta. Essas pragas se desenvolvem rapidamente em condições favoráveis, como clima quente e úmido, podendo causar perdas de até 40% na produtividade se não forem controladas a tempo.

As lagartas apresentam comportamento noturno, o que dificulta o monitoramento em fases iniciais. Elas se alojam na parte inferior das folhas e podem passar despercebidas até que os danos se tornem visíveis. A capacidade de adaptação e a resistência a alguns inseticidas tornam o manejo mais desafiador.

Sinais visíveis de infestação por lagartas

Um dos primeiros indícios da presença de lagartas na lavoura é a desfolha irregular nas folhas. As margens ficam recortadas, e é possível observar perfurações nas folhas mais jovens. À medida que a infestação avança, o dossel vegetal perde densidade, comprometendo o desenvolvimento da planta.

Em infestações severas, as lagartas também atacam vagens e grãos em formação. Esse tipo de dano é ainda mais crítico, pois afeta diretamente o potencial produtivo. A presença de excrementos nas folhas, fios de seda e restos de alimento são outros sinais que ajudam na identificação da praga.

Principais espécies de lagarta da soja

A Anticarsia gemmatalis é a lagarta mais comum na cultura da soja. Com coloração verde a marrom, pode atingir até 4 cm de comprimento e apresenta movimentos ágeis. É responsável por grande parte da desfolha nas lavouras e tem ciclo de vida curto, com rápida multiplicação.

Já a Chrysodeixis includens, conhecida como falsa-medideira, tem comportamento distinto. Movimenta-se como se estivesse medindo o solo com o corpo e geralmente se alimenta das bordas das folhas. A Helicoverpa armigera é considerada a mais agressiva, atacando também estruturas reprodutivas da planta, como flores e vagens.

Monitoramento e tomada de decisão

O monitoramento frequente da lavoura é essencial para o sucesso no controle da lagarta da soja. A inspeção deve começar nas fases vegetativas e se intensificar durante a floração e o enchimento de grãos, momentos críticos para o ataque da praga. A amostragem por pano de batida é uma das metodologias mais utilizadas para esse fim.

A partir da contagem de lagartas por metro linear, o produtor pode definir o momento ideal para o controle químico. O nível de ação recomendado varia conforme a cultivar, estádio de desenvolvimento e população detectada. Em média, considera-se o limite de 20 a 40% de desfolha no início da formação das vagens para iniciar o controle.

Controle químico: quando e como aplicar

O uso de inseticidas é uma das principais ferramentas no controle da lagarta da soja, mas sua aplicação deve ser estratégica. A escolha do produto precisa considerar a fase da lagarta, já que indivíduos mais jovens são mais suscetíveis aos ingredientes ativos. O uso repetitivo do mesmo princípio ativo pode levar à resistência.

É recomendado alternar produtos com diferentes modos de ação, conforme a classificação do IRAC (Comitê de Ação à Resistência de Inseticidas). Aplicações devem ser feitas preferencialmente nas horas mais frescas do dia, com volume adequado de calda e cobertura uniforme do dossel, para garantir maior eficácia.

Manejo integrado de pragas (MIP)

O Manejo Integrado de Pragas é uma abordagem sustentável que une práticas culturais, biológicas e químicas. O objetivo é manter a população da lagarta abaixo do nível de dano econômico, reduzindo o uso indiscriminado de inseticidas e preservando inimigos naturais.

Dentre as práticas do MIP, destacam-se a rotação de culturas, o uso de cultivares resistentes, o plantio escalonado e o controle biológico. Insetos benéficos como vespas parasitoides e vírus entomopatogênicos são aliados importantes no combate natural às lagartas, promovendo equilíbrio no ecossistema agrícola.

Uso de cultivares Bt e sua eficiência

As cultivares de soja Bt possuem genes que expressam proteínas tóxicas para determinadas pragas, como as lagartas. Essas variedades reduzem significativamente o número de aplicações de inseticidas, mas exigem cuidados específicos, como a manutenção de áreas de refúgio para retardar a resistência.

Apesar da eficiência das sojas Bt, o escape de pragas e o surgimento de populações resistentes já foram registrados em algumas regiões. Por isso, o uso dessas tecnologias deve ser combinado com monitoramento, controle alternativo e respeito às recomendações técnicas de manejo da biotecnologia.

Cuidados com o ambiente e aplicação responsável

O uso racional de inseticidas na soja deve levar em conta a proteção do meio ambiente e a segurança dos trabalhadores. Aplicações aéreas ou terrestres devem seguir critérios técnicos e legislações específicas, além de respeitar as zonas de amortecimento e distâncias mínimas de corpos d’água e áreas sensíveis.

Evitar a pulverização em dias de vento forte, temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar também é essencial para reduzir a deriva e o desperdício de produto. O agricultor deve realizar a calibração correta dos equipamentos e sempre utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) durante o manuseio.