A meliponicultura é o sistema de criação de abelhas nativas das regiões tropical e subtropical, as quais possuem um diferencial: não têm ferrão.
Assim como a apicultura, em que há a criação de abelhas exóticas, provenientes da Europa e da Ásia, como a Apis mellifera; a meliponicultura, criando abelhas nativas, vem tomando grandes proporções; e vem se mostrando um ramo que possui grandes possibilidades de expansão e grandes vantagens para os produtores. Conheça um pouco mais sobre as abelhas sem ferrão e sobre esse sistema de criação.
Abelhas sem ferrão
O primeiro ponto em que a apicultura difere-se da meliponicultura consiste no fato de que o primeiro sistema cria a espécie Apis mellifera; ao passo que o segundo cria abelhas de diferentes espécies, que não possuem ferrão. As abelhas exóticas, que são capazes de ferroar e de produzir mel, dividem-se em cerca de 20 mil espécies; como por exemplo a mamangava. Já as que não possuem ferrão, se dividem em cerca de 500 espécies atualmente conhecidas; dentre as quais, 240 já são encontradas no Brasil.
Mas por que elas não têm ferrão? Ora, tudo isso graças à evolução. Elas perderam a capacidade de ferroar com o passar do tempo, embora possuam as estruturas do ferrão. Desse modo, desenvolveram outras capacidades de defesa; dentre as quais pode-se citar a construção de ninhos dentro de troncos, para evitar exposição a inimigos; e o desenvolvimento de uma mandíbula bem forte, o que faz com que muitas das abelhas sem ferrão mordam para se defenderem.
Hábitos
Os ninhos dessas abelhas se diferem um pouco dos ninhos exóticos, como por exemplo na produção de mel; ao contrário das abelhas exóticas que produzem favos de mel, as abelhas nativas produzem potes de mel. Além disso, há algumas espécies que possuem mais de uma rainha, que não se diferencia das operárias por receber geleia real; mas sim pela quantidade de alimento que lhe é oferecida na célula real de cria pelas operárias.
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Quero meu Ebook!As abelhas sem ferrão também possuem divisão de tarefas, sendo que as tarefas dentro do ninho são realizadas pelas mais jovens; de modo que as tarefas externas, como coleta de pólen, são realizadas pelas anciãs, que já fizeram sua parte dentro do ninho e que estão mais próximas de morrer.
Assim como as demais espécies da ordem Hymenoptera, dentro da qual estão todas as espécies de abelhas, formigas e vespas, a reprodução de machos e fêmeas é diferente. Isso porque essas espécies conseguem realizar a partenogênese, ou seja, a reprodução na ausência do gameta masculino. Desse modo, os ovos fecundados originam fêmeas, tanto rainhas quanto operárias. Já os ovos que não são fecundados, ou seja, que se desenvolvem por partenogênese, originam machos, os zangões.
Vantagens da meliponicultura
Embora em um mesmo ninho existam menos abelhas que em um ninho do sistema de apicultura, e, consequentemente haja menor produção de mel, este possui grande valor comercial. Isso se deve ao fato de cada espécie produzir um mel diferente, que depende não somente da florada, mas da espécie que o produz. Sendo assim, cada mel tem uma coloração específica e um aroma específico de cada colônia, o que atribui até 10 vezes mais valor a ele do que na apicultura.
Além disso, o mel das abelhas sem ferrão contém maior teor de água, sendo mais líquido; desse modo, torna-se mais suscetível a micro-organismos, que realizam a fermentação. Desse modo, o mel fresco é mais suave, enquanto o mel coletado mais tardiamente é mais ácido; e esse fenômeno também ocorre com o própolis produzido por essas espécies. Caso a fermentação seja feita lentamente, há a possibilidade do mel se tornar cada vez mais doce. Além do mel e do própolis, muitas espécies transformam o pólen que capturaram, tornando-o mais produtivo; esse, por sua vez, tem grande valor comercial. Vale ressaltar também que o mel das abelhas sem ferrão é pesquisado por ter grande capacidade de combate a diversas doenças por ter propriedades antibactericidas.
Outro fato de grande importância em relação à meliponicultura consiste no uso das abelhas nativas para a polinização cruzada. Embora as espécies exóticas também sejam muito importantes nesse processo, a criação conjugada de espécies exóticas e nativas aumenta exponencialmente a produtividade agrícola. Um bom exemplo consiste na produção do morango, em que podem ser aplicadas abelhas sem ferrão e com ferrão. As com ferrão, tendem a andar e polinizar a borda da flor, enquanto as sem ferrão andam e polinizam pelo centro. Desse modo, conjugando as duas, a polinização ocorre por inteiro, aumentando a qualidade dos frutos e a produtividade da horta.
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